Origem dos Blogs
Com origens incertas, o blog é como a avalanche dos espaços na internet. Todos os relatos de servidores web
que começaram a usar “logs” em codificação HTML, o hipertexto, remontam
ao ano de 1999. Um homem fanático por tecnologia, a literatura
irlandesa de James Joyce e inteligência artificial da informática lançou
o primeiro web log, os dois termos que, flexionados, geram a palavra
blog. Nome dele? Jorn Barger. Seu site chama-se Robot Wisdom, com vários textos opinativos, denominados como posts ou postagens. A publicação foi a primeira a usar o termo blog e estabeleceu conexões com tantos sites diferentes, arrecadando tantas visitas que a revista de tecnologia inglesa The Register
alegou que “não há maior leitor na internet do que Jorn Barger”. Blog
tornou-se um verbo, nos termos brasileiros blogar, blogando e, em
inglês, blogging.
Ainda em 99 surgiu o serviço Blogger
da Pyra Labs, que popularizou um formato simples e intuitivo de
postagem de conteúdo para usuários não familiares ao assunto. O sistema
também sempre permitiu a visualização de toda a linha de código da
página, “instruindo” os clientes sobre o HTML. Era um produto
consolidado, com potencial de gerar uma comunidade web inteira, que
viria a ser chamada de “blogosfera”.Esse fenômeno de “ler a web”, apreender informações, inserir texto se tornaram as premissas principais dos blogs, espaços privilegiados de debate e opinião. Criou-se também uma cultura de comentários, dando espaço, através de um link, em todo e qualquer texto, para a pessoa inserir seu apontamento, sua observação, por escrito. O administrador do blog pode bloquear os comentários, pode tornar o conteúdo inteiro como oculto. Pode também codificar esse espaço na web para restringir acesso e muitos outros comandos. Designers e o pessoal das artes gráficas se especializaram em web para ensinar e ajudar outros fãs de informática na personalização de seus blogs, criando os famosos “templates”, que estilizam o fundo e as seções da página com desenhos, letras customizadas e cores diversas, fugindo de um formato padrão, uniforme.
Os picos de criações e audiência dos blogs surgem de 2000 para frente.
Mesmo assim, sua interface gráfica, sua aparência, ainda era muito
similar a de sites, gerando uma súbita decadência de uso entre 2002 e
2004. Progressivamente, com a entrada da megacompanhia Google, que
comprou a Pyra Labs em 2003, e a criação do WordPress
no mesmo ano, os blogs ganharam, pouco a pouco, ferramentas de outras
mídias. Incorporaram vídeos do site Youtube, que também foi outra
aquisição da Google, janelas de exibição de outros sites, estatísticas
de visitas, publicidade que rende financiamento aos donos do endereço e
maior facilidade de comandos para inserir todas essas ferramentas.
Os administradores de blogs também se
profissionalizaram. Empresas contratam os chamados “blogueiros” para
colocar, de maneira acessível ao público e ao mercado, materiais que
podem ser comentados. Jornais colocaram colunistas para que escrevessem
com mais regularidade seus comentários em blogs, acompanhando os fatos
do dia-a-dia e conquistando visitas expressivas na web.
Nas grandes corporações, o blog constantemente ainda é tratado
como um espaço onde mostra tudo o que é dispensável para o site,
desvalorizando um pouco a produtividade
dos comentários e das críticas. No uso pessoal, a maioria dos blog se
restringe a cópia de textos, muitas vezes sem autorização, e ao relato
individual, aos diários particulares. Entretanto, para criadores
autônomos, o espaço é um canal de progresso digital, podendo atingir
muitas pessoas em uma escala diferente da física.Aos criadores eficientes de textos, vídeos e áudios, como o empresário Edney Sousa (do Interney), o criador publicitário Carlos Merigo (Brainstorm #9) e os jornalistas Luís Nassif e Ricardo Noblat, o espaço é um laboratório praticamente infinito de experiências criativas. O formato de texto nesses espaços é próprio e diferente do impresso: ora enxuto e direto, mas não como o jornal diário, ora longo ou repleto de links para outros textos, o que seria impossível fisicamente. Os vídeos e os áudios, especialmente de podcasts, passaram a ser incorporados aos blogs pelo sistemas agregadores, widgets.
Por fim, para as pessoas que se interessaram pela história dos blogs, vale a leitura do livro blog! How the newest media revolution is changing politics, business and culture.
A publicação, de 2005, é um copilado de entrevistas com blogueiros de
muitas partes do mundo, organizadas pelos jornalistas David Kline , do The New York Times, e Dan Burstein, autor de best-sellers como a série de livros que falam de segredos do Código da Vinci (sim, aquele do Dan Brown).Entre os entrevistados, destacam-se Robert Scoble, blogueiro e “evangelista técnico” (assistente na divulgação da marca) da Microsoft, que fala sobre a face mais humana que transparece de grandes corporações americanas ao utilizar blogs, ao contrário da chamada old media (TV, rádio, etc). Joi Ito também é outro personagem do livro, empresário aventureiro na web e que, em 2005, já foi o blogueiro nº 1 do Japão, considerado o segundo maior mercado de weblogs do planeta (perdem apenas para os Estados Unidos em atualizações e números de endereços). Por fim, é importante mencionar também a presença de Ayelet Waldman, novelista que, ao abrir sua intimidade em seu blog, teve seu casamento e vida pessoal salvos de uma tentativa de suicídio. Atualmente sua história foi transformada em livro.
O livro dá uma boa perspectiva sobre essa “nova tecnologia”, que já nem é mais tão nova assim, mas merece estudos mais concisos. Merece especialmente sobre seu potencial com leitores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário